Bolsa Asiática em 2024: A Oportunidade que Ninguém Vê

Se Benjamin Graham levantasse a cabeça hoje, veria exatamente o que previu: quando um mercado cai 40%, 50% ou mais desde os seus máximos, é quando surgem as verdadeiras oportunidades. E isso é precisamente o que está a acontecer com os mercados financeiros asiáticos neste momento.

O Drama Atual: Quando os Números Dói

Os números são contundentes. Desde o final de 2021, as principais bolsas asiáticas (Shanghai, Hong Kong e Shenzhen) evaporaram aproximadamente 6 biliões de dólares em capitalização de mercado. Não estamos a falar de correções menores. Falamos de quedas brutais:

  • China A50: -44,01%
  • Hang Seng: -47,13%
  • Shenzhen 100: -51,56%

O que provocou este colapso? Uma tempestade perfeita:

A política de Covid-Zero que acabou por ser um desastre económico. As sanções tecnológicas e o aumento da regulamentação sobre os gigantes tech. O setor imobiliário feito ruínas (recordemos que é o motor da economia chinesa). A desaceleração global que reduziu a procura externa. A guerra comercial com os Estados Unidos, especialmente em semicondutores de alta gama.

Resultado: a China deixou de crescer a ritmos de dois dígitos e os problemas estruturais tornam-se cada vez mais visíveis.

O que Está a Fazer a China a Respeito?

Aqui vem o interessante. As autoridades chinesas finalmente moveram-se. O PBOC anunciou uma redução de 50 pontos base no Coeficiente de Reservas Obrigatórias, libertando aproximadamente 1 bilião de yuan (uns 139,45 biliões de dólares) para injetar liquidez.

Mas a medida mais importante ainda está em discussão: um pacote de resgate do mercado de ações próximo de 2 biliões de yuan (278,90 biliões de dólares) que compraria ações diretamente para parar a sangria na bolsa.

Além disso, o banco central manteve as taxas de juro nos mínimos de 3,45% desde o final de 2021. Tudo indica que Pequim está disposto a fazer o que for preciso para reativar os mercados financeiros asiáticos.

O Tamanho Real da Bolsa Asiática

Vamos falar de números grandes. A capitalização de mercado na região asiática é impressionante:

  • Bolsa de Xangai: 7,357 biliões USD (a maior de toda a Ásia)
  • Tóquio (Japão): 5,586 biliões USD
  • Shenzhen: 4,934 biliões USD
  • Hong Kong: 4,567 biliões USD

As três praças bolsistas chinesas juntas rondam os 16,9 biliões de dólares. Para contexto, a China como um todo alberga mais de 6.800 empresas. A Índia, com a sua bolsa de Bombaim, permite acesso a mais de 5.500 empresas.

Isto não é um mercadinho de bairro. Estamos a falar de ecossistemas financeiros asiáticos com peso global.

Os Concorrentes: Japão, Índia e os Emergentes

O Japão foi a glória da Ásia nos anos 80 (chegou a ter 40% da capitalização bolsista mundial em 1989). Hoje ocupa o segundo lugar regional após Xangai, mas o seu crescimento estagnou.

A Índia é diferente. A quinta economia mundial está a crescer, atraindo investimento estrangeiro que antes ia para a China. Indonésia, Vietname, Tailândia e Filipinas também estão no radar dos investidores que procuram alternativas.

Mas aqui está o segredo: os mercados financeiros asiáticos continuam liderados pela China, e o que lá acontecer determinará o resto.

Horários para Operar: Não É Magia, É Geografia

Se vives em Madrid e queres operar estas bolsas em tempo real, precisas estar acordado entre as 1:00 e as 9:00 da manhã. Xangai, Shenzhen e Hong Kong estão em GMT+8, enquanto Tóquio é GMT+9.

O importante é o “sobreposição asiática”: entre as 2:30 e as 8:00 da manhã (horário de Madrid) os quatro principais mercados estão abertos simultaneamente. Este é o horário de ouro para operar porque o volume e a liquidez são máximos.

Análise Técnica: Para Onde Vai a Bolsa Asiática?

China A50: A Espera do Quebra

O índice China A50 mantém-se em tendência de baixa desde fevereiro de 2021 (máximo histórico de 20.603,10 USD). Atualmente cotado a 11.160,60 USD, 9,6% abaixo da sua média móvel de 50 semanas (12.232,90 USD).

O RSI está em zona de consolidação de baixa, abaixo do seu nível médio (50). Para que a tendência se reverta, precisamos de: uma quebra clara e sustentada da média móvel, mudança de inclinação do RSI para zona de sobrecompra, e confirmação de compra em volume.

Suportes-chave a vigiar: 10.169,20 USD (mínimos de 2018), 8.343,90 USD (mínimos de 2015).

Hang Seng: Em Terra de Ninguém

O Hang Seng (que rastreia mais de 80 empresas de Hong Kong) comporta-se de forma semelhante ao A50. Cotado atualmente a 16.077,25 HK$, abaixo tanto da linha de tendência como da média de 50 semanas.

A questão do milhão: mantém este nível ou cai para os 10.676,29 HK$? O RSI continua em modo de baixa. Resistências em 18.278,80 HK$ e 24.988,57 HK$ (esta última bastante distante, à espera de mudanças reais na economia chinesa).

Shenzhen 100: O Mais Castigado

Com uma queda de 51,56%, este índice está à beira de sobrevenda. RSI praticamente no limite inferior (30). Cotado a 3.838,76 yuans, 16,8% abaixo da sua média de 50 semanas.

Próximos níveis críticos: 4.534,22 yuans (máximos de 2010) e 2.902,32 yuans (mínimos de 2018). Se os estímulos funcionarem, este é o que mais pode rebotar.

O Contexto Global: Quem Comanda o Mundo Financeiro?

Os Estados Unidos continuam a dominar com 58,4% de todo o mercado global de capitais (dado de 2022). A hegemonia é resultado do seu crescimento no século XX e da força das suas instituições.

Os mercados financeiros asiáticos mais importantes (Japão, China, Austrália) representam apenas 12,2% da capitalização global. A diferença é enorme, mas lembremos que o Japão esteve quase na paridade há apenas 35 anos.

O dólar mantém o seu estatuto de moeda de reserva mundial, mas isso não significa que os mercados asiáticos não se recuperem.

Vale a Pena Investir na Bolsa Asiática?

Depende de como o faças. As maiores empresas chinesas rivalizam em tamanho com Amazon e Walmart:

  • State Grid (serviços básicos): 530 biliões USD em receitas anuais
  • China National Petroleum: concorrente direto da Sinopec
  • JD.com (e-commerce): 156 biliões USD, rivalizando com Alibaba
  • BYD (veículos): líder na fabricação de automóveis

O problema: muitas destas empresas têm restrições para investidores estrangeiros minoritários, especialmente as estatais.

As Opções Reais

Ações ADR: Podes comprar ações da Alibaba, JD.com, Tencent, Pinduoduo e BYD através de plataformas de bolsa ocidentais usando Recibos de Depósito Americanos.

Derivados (CFD sobre índices): Se preferes especular sem ser dono do ativo subjacente, podes usar Contratos por Diferença sobre o China A50, Hang Seng ou Shenzhen 100 através de plataformas especializadas em mercados financeiros asiáticos.

Os Desafios que Não Podemos Ignorar

A região enfrenta obstáculos reais que podem limitar o crescimento futuro:

Geopolítica: Tensões na Península da Coreia, Mar da China Meridional, Estreito de Taiwan. Qualquer escalada pode transformar-se em conflito comercial ou militar.

Demografia: A China envelhece, a taxa de natalidade é baixa, a mão de obra escasseia. Isto impacta diretamente o potencial de crescimento.

Mudanças climáticas: A região é vulnerável a eventos extremos e investimentos em renováveis são obrigatórios, não opcionais.

Papel do Estado: Ao contrário do Ocidente, o estado chinês controla boa parte da economia. Isto pode limitar o crescimento privado futuro.

A Pergunta que Importa: Agora, o que?

A economia chinesa cresceu 5,2% no quarto trimestre de 2023, abaixo das expectativas, mas longe do colapso. Os estímulos já estão em marcha. As bolsas asiáticas estão devastadas, mas isso é exatamente o que Graham sugeria que é o melhor momento para agir.

A chave está em monitorar três aspetos:

  1. Políticas de estímulo monetário: O PBOC continua a baixar taxas?
  2. Políticas fiscais: O pacote de 2 biliões de yuan está a ser realmente executado?
  3. Mudanças regulatórias: As autoridades flexibilizam o controlo sobre tech e imobiliário?

Se algum destes três aspectos mudar a favor, os mercados financeiros asiáticos podem surpreender em alta. A bolsa asiática, após anos de castigo, está pronta para uma recuperação importante. O que falta é confirmação de que Pequim está a ser sério com os estímulos.

Agora é o momento de decidir: esperas que o preço suba 50% para entrar, ou aproveitas que ninguém acredita ainda na recuperação?

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