O seletivo espanhol vive o seu melhor momento em anos. Entre meados de novembro e dezembro de 2025, o IBEX 35 surpreendeu com um desempenho extraordinário. O índice tocou e até superou temporariamente os 17.000 pontos—algo sem precedentes na sua história—e fechou rondando os 16.850, confirmando que o impulso altista permanece intacto. Este rally de 37% acumulado desde início de ano coloca o IBEX acima de referências europeias como o DAX e o CAC 40, atraindo tanto investidores locais como internacionais.
O que está impulsionando esta subida?
O motor principal tem sido o setor financeiro. Banco Santander, BBVA e CaixaBank—que juntos representam mais de 26% do índice—têm registado resultados que superavam previsões, impulsionados por margens de interesse mais folgadas. Mas o rally não é só coisa de bancos.
Inditex (15,48% do IBEX) recuperou protagonismo após momentos de fraqueza, enquanto que Iberdrola (13,83%) beneficiou do seu ambicioso plano de investimento de 100.000 milhões de euros até 2031, focado em redes de renováveis no Reino Unido e Estados Unidos. Os valores industriais como Ferrovial e Sacyr também aceleraram, refletindo confiança na reativação económica.
Contexto macro favorável também ajudou: inflação moderada na Zona Euro (1,9%), expectativas de novos cortes do BCE após o verão, e estabilidade política em Espanha após a formação de Governo. O resultado: apetite por risco persistente que impulsionou a manutenção de posições longas.
Níveis técnicos-chave para os próximos movimentos
O IBEX enfrenta uma encruzilhada nas próximas semanas (15 dezembro a 15 janeiro):
Resistências principais: 17.000 – 17.200 pontos (barreira psicológica já rompida, mas com volatilidade)
Primeiro suporte: 16.600 – 16.700 pontos (zona de compra técnica)
Extensão altista: 17.300 pontos (objetivo se romper com convicção)
Sem surpresas macroeconómicas de relevo, o seletivo deverá consolidar-se numa faixa, oscilando entre suportes e resistências com maior estabilidade que volatilidade. Os analistas prevêem um período de movimento lateral com viés positivo, mais do que quedas abruptas.
Olhar para 2024: como chegou o IBEX até aqui
Para entender por que o índice está em máximos históricos, convém rever como se gestou este rally:
Junho: primeiros sinais de otimismo
O IBEX começou o mês em 13.950 pontos. A redução de tipos do BCE para 2% (5 de junho) propiciou um salto até 14.200, mas Inditex publicou vendas fracas em 11 de junho, gerando pânico e arrastando 40 pontos ao índice. Os ataques israelitas ao Irã (13 de junho) elevaram o crude, fechando o mês em 13.910 com volatilidade de risco-off. A inflação caiu para 1,9%, mas a incerteza geopolítica travava o entusiasmo.
Julho: decolagem bancária
O IBEX arrancou de 14.800 e escalou constantemente. Os cortes de tipos nos EUA melhoraram o sentimento global, e o setor bancário espanhol brilhou (BBVA e Iberdrola lideraram). No final do mês, o índice ultrapassava os 15.200 pontos—nível não visto desde 2007—num movimento quase mecânico de reativação económica.
Agosto: consolidação em máximos
De 14.800 até 15.300 em poucas semanas. O setor continua a ser o âncora: Inditex apresentou resultados sólidos, impulsionando o seletivo. A rentabilidade acumulada do ano ronda os 37%. No dia 10 de setembro foi especialmente forte (avanço de 1,25%), com Inditex liderando enquanto a tecnologia europeia fraqueja. A inflação harmonizada mantém-se em 2,7% interanual; subjacente em 2,4%. A expectativa de corte de 25 pontos base da Fed em setembro alimentou ainda mais o apetite por risco.
Setembro-outubro: pausa, depois ruptura
Entre meados de setembro e início de outubro, o IBEX experimentou pequenos descansos técnicos após a escalada anterior. Contudo, em meados de outubro rompeu definitivamente os 16.000 pontos, apoiado em resultados do BBVA, Santander e CaixaBank que superaram largamente previsões. Também influenciou o anúncio de que a Ferrovial entraria no Nasdaq-100, atraindo fluxos estrangeiros. A melhoria do sentimento inversor em relação à economia espanhola consolidou o movimento.
Novembro-dezembro: recorde histórico
O nível dos 17.000 foi tocado e superado em momentos pontuais. O fecho situa-se perto de 16.850, com otimismo sobre novos catalisadores positivos que possam continuar a impulsionar para cima. O recorde explica-se pela força sustentada em setores financeiros, industriais, energia e consumo, assim como pelo atrativo de rendimentos (dividendos e recompras de ações) que atraem capital estrangeiro.
Os maiores movimentos do ano: ganhos e quedas
No setor bancário encontraram-se as maiores subidas: Banco Sabadell (+68%), CaixaBank (+43%), Bankinter (+34%) e Unicaja (+30%). Estes ganhos refletem aproveitamento do ambiente de tipos altos, que expande margens de interesse.
Por outro lado, alguns valores sofreram correções significativas, embora moderadas em comparação com outros mercados. O mercado contínuo absorveu volatilidade sem pânico.
E a longo prazo? O IBEX 35 em 2025-2030
A trajetória futura dependerá de vários fatores:
Crescimento económico: O Banco de Espanha projeta PIB de 1,9% para 2025, impulsionado pelo turismo, setor externo e emprego. Isto é positivo mas moderado; é preciso que o consumo privado e investimento empresarial repitam crescimento.
Política monetária: Embora a Fed já corte, o BCE pode ser mais moderado. Isto limita estímulo para empresas europeias e é um risco para margens bancárias, que podem comprimir-se se os tipos baixarem significativamente.
Oportunidades em energia renovável: Com o crescimento da inteligência artificial e armazenamento de dados, a procura por eletricidade crescerá. Estima-se que até 2030, data centers consumirão até 3,2% do fornecimento elétrico europeu. Solaria, Acciona Energia e Endesa são candidatos claros a beneficiar-se.
Riscos globais: Probabilidade de recessão nos EUA e mundial estima-se em 45% para 2025. Isto pode gerar volatilidade nas bolsas, e o IBEX—mais sensível a choques externos—não estaria isento. O ouro já sobe mais de 20% em 2024 (prevê-se 2.700 USD/onza em 2025), sinal histórico de tensão e incerteza.
Estímulos europeus: O plano Draghi de investimento massivo em digitalização e descarbonização dá impulso às renováveis e tecnologia, potenciando a resiliência do mercado espanhol.
Composição do IBEX: onde está o peso
O índice está diversificado, embora concentrado em alguns grandes nomes:
Inditex: 15,48% (retalho de moda)
Iberdrola: 13,83% (energia renovável)
Banco Santander: 12,13% (banca)
BBVA: 9,36% (banca)
CaixaBank: 5,15% (banca)
Amadeus IT Group: 5,08% (tecnologia)
Ferrovial: 4,75% (construção/infraestrutura)
Telefónica: 4,10% (telecomunicações)
Aena: 3,98% (aeroportos)
Cellnex: 3,86% (telecomunicações)
Por setores: Serviços financeiros dominam (Santander, BBVA, CaixaBank), seguidos de energia (Iberdrola, Repsol, Endesa), tecnologia-telecomunicações (Telefónica, Cellnex, Amadeus), bens de consumo (Inditex) e indústria-construção (Ferrovial, ACS).
Rendimento histórico do IBEX 35: perspetiva de longo prazo
Ano
Rentabilidade (%)
2023
4,91
2022
22,76
2021
-5,56
2020
7,93
2019
-15,45
2018
11,82
2017
-14,97
2016
7,40
O IBEX tem um histórico volátil, com anos explosivos (2022: +22,76%) e correções agudas (2019: -15,45%). Este padrão reflete sensibilidade a ciclos económicos globais e a decisões de política monetária.
Volatilidade: característica do IBEX
O IBEX 35 é naturalmente mais volátil que outros índices europeus devido à sua exposição a setores cíclicos (banca, energia). Em 2024, o seu intervalo anual foi de 8.879 a 11.385 pontos, amplitude significativa. Durante crises, cai mais; em bonanças, recupera rapidamente. Isto oferece tanto risco como oportunidades para traders ativos, mas requer disciplina e gestão de risco.
Veredicto: continua a tendência altista ou consolida?
O IBEX 35 construiu um movimento impressionante, baseado em fundamentos sólidos de banca e renováveis, contexto macroeconómico moderadamente favorável, e apetite global por risco. A quebra de 17.000 pontos—historicamente significativa—mostra convicção compradora.
No entanto, a consolidação em 16.850 também sugere que o mercado respeita os máximos históricos. Nas próximas semanas (dezembro-janeiro), o mais provável é um movimento lateral com viés altista, oscilando entre 16.600 e 17.200 enquanto digere ganhos.
Os riscos são claros: recessão global a 45%, compressão de margens bancárias se o BCE cortar agressivamente, e volatilidade geopolítica. Mas as oportunidades em renováveis e digitalização, mais estímulos europeus, fazem com que o IBEX tenha fundamentos para manter relevância a longo prazo.
Para investidores, a mensagem é: não perseguir máximos históricos com alavancagem, mas também não sair do mercado. Consolidar posições, diversificar entre setores defensivos (energia) e cíclicos (banca), e estar atento a níveis técnicos-chave (16.600 suporte, 17.300 resistência). O mercado contínuo continua a oferecer oportunidades para quem souber jogar em faixa.
Esta página pode conter conteúdo de terceiros, que é fornecido apenas para fins informativos (não para representações/garantias) e não deve ser considerada como um endosso de suas opiniões pela Gate nem como aconselhamento financeiro ou profissional. Consulte a Isenção de responsabilidade para obter detalhes.
IBEX 35 em 2025: Vai romper a barreira dos 17.000 ou consolidar-se na resistência?
O seletivo espanhol vive o seu melhor momento em anos. Entre meados de novembro e dezembro de 2025, o IBEX 35 surpreendeu com um desempenho extraordinário. O índice tocou e até superou temporariamente os 17.000 pontos—algo sem precedentes na sua história—e fechou rondando os 16.850, confirmando que o impulso altista permanece intacto. Este rally de 37% acumulado desde início de ano coloca o IBEX acima de referências europeias como o DAX e o CAC 40, atraindo tanto investidores locais como internacionais.
O que está impulsionando esta subida?
O motor principal tem sido o setor financeiro. Banco Santander, BBVA e CaixaBank—que juntos representam mais de 26% do índice—têm registado resultados que superavam previsões, impulsionados por margens de interesse mais folgadas. Mas o rally não é só coisa de bancos.
Inditex (15,48% do IBEX) recuperou protagonismo após momentos de fraqueza, enquanto que Iberdrola (13,83%) beneficiou do seu ambicioso plano de investimento de 100.000 milhões de euros até 2031, focado em redes de renováveis no Reino Unido e Estados Unidos. Os valores industriais como Ferrovial e Sacyr também aceleraram, refletindo confiança na reativação económica.
Contexto macro favorável também ajudou: inflação moderada na Zona Euro (1,9%), expectativas de novos cortes do BCE após o verão, e estabilidade política em Espanha após a formação de Governo. O resultado: apetite por risco persistente que impulsionou a manutenção de posições longas.
Níveis técnicos-chave para os próximos movimentos
O IBEX enfrenta uma encruzilhada nas próximas semanas (15 dezembro a 15 janeiro):
Resistências principais: 17.000 – 17.200 pontos (barreira psicológica já rompida, mas com volatilidade)
Primeiro suporte: 16.600 – 16.700 pontos (zona de compra técnica)
Extensão altista: 17.300 pontos (objetivo se romper com convicção)
Sem surpresas macroeconómicas de relevo, o seletivo deverá consolidar-se numa faixa, oscilando entre suportes e resistências com maior estabilidade que volatilidade. Os analistas prevêem um período de movimento lateral com viés positivo, mais do que quedas abruptas.
Olhar para 2024: como chegou o IBEX até aqui
Para entender por que o índice está em máximos históricos, convém rever como se gestou este rally:
Junho: primeiros sinais de otimismo
O IBEX começou o mês em 13.950 pontos. A redução de tipos do BCE para 2% (5 de junho) propiciou um salto até 14.200, mas Inditex publicou vendas fracas em 11 de junho, gerando pânico e arrastando 40 pontos ao índice. Os ataques israelitas ao Irã (13 de junho) elevaram o crude, fechando o mês em 13.910 com volatilidade de risco-off. A inflação caiu para 1,9%, mas a incerteza geopolítica travava o entusiasmo.
Julho: decolagem bancária
O IBEX arrancou de 14.800 e escalou constantemente. Os cortes de tipos nos EUA melhoraram o sentimento global, e o setor bancário espanhol brilhou (BBVA e Iberdrola lideraram). No final do mês, o índice ultrapassava os 15.200 pontos—nível não visto desde 2007—num movimento quase mecânico de reativação económica.
Agosto: consolidação em máximos
De 14.800 até 15.300 em poucas semanas. O setor continua a ser o âncora: Inditex apresentou resultados sólidos, impulsionando o seletivo. A rentabilidade acumulada do ano ronda os 37%. No dia 10 de setembro foi especialmente forte (avanço de 1,25%), com Inditex liderando enquanto a tecnologia europeia fraqueja. A inflação harmonizada mantém-se em 2,7% interanual; subjacente em 2,4%. A expectativa de corte de 25 pontos base da Fed em setembro alimentou ainda mais o apetite por risco.
Setembro-outubro: pausa, depois ruptura
Entre meados de setembro e início de outubro, o IBEX experimentou pequenos descansos técnicos após a escalada anterior. Contudo, em meados de outubro rompeu definitivamente os 16.000 pontos, apoiado em resultados do BBVA, Santander e CaixaBank que superaram largamente previsões. Também influenciou o anúncio de que a Ferrovial entraria no Nasdaq-100, atraindo fluxos estrangeiros. A melhoria do sentimento inversor em relação à economia espanhola consolidou o movimento.
Novembro-dezembro: recorde histórico
O nível dos 17.000 foi tocado e superado em momentos pontuais. O fecho situa-se perto de 16.850, com otimismo sobre novos catalisadores positivos que possam continuar a impulsionar para cima. O recorde explica-se pela força sustentada em setores financeiros, industriais, energia e consumo, assim como pelo atrativo de rendimentos (dividendos e recompras de ações) que atraem capital estrangeiro.
Os maiores movimentos do ano: ganhos e quedas
No setor bancário encontraram-se as maiores subidas: Banco Sabadell (+68%), CaixaBank (+43%), Bankinter (+34%) e Unicaja (+30%). Estes ganhos refletem aproveitamento do ambiente de tipos altos, que expande margens de interesse.
Por outro lado, alguns valores sofreram correções significativas, embora moderadas em comparação com outros mercados. O mercado contínuo absorveu volatilidade sem pânico.
E a longo prazo? O IBEX 35 em 2025-2030
A trajetória futura dependerá de vários fatores:
Crescimento económico: O Banco de Espanha projeta PIB de 1,9% para 2025, impulsionado pelo turismo, setor externo e emprego. Isto é positivo mas moderado; é preciso que o consumo privado e investimento empresarial repitam crescimento.
Política monetária: Embora a Fed já corte, o BCE pode ser mais moderado. Isto limita estímulo para empresas europeias e é um risco para margens bancárias, que podem comprimir-se se os tipos baixarem significativamente.
Oportunidades em energia renovável: Com o crescimento da inteligência artificial e armazenamento de dados, a procura por eletricidade crescerá. Estima-se que até 2030, data centers consumirão até 3,2% do fornecimento elétrico europeu. Solaria, Acciona Energia e Endesa são candidatos claros a beneficiar-se.
Riscos globais: Probabilidade de recessão nos EUA e mundial estima-se em 45% para 2025. Isto pode gerar volatilidade nas bolsas, e o IBEX—mais sensível a choques externos—não estaria isento. O ouro já sobe mais de 20% em 2024 (prevê-se 2.700 USD/onza em 2025), sinal histórico de tensão e incerteza.
Estímulos europeus: O plano Draghi de investimento massivo em digitalização e descarbonização dá impulso às renováveis e tecnologia, potenciando a resiliência do mercado espanhol.
Composição do IBEX: onde está o peso
O índice está diversificado, embora concentrado em alguns grandes nomes:
Por setores: Serviços financeiros dominam (Santander, BBVA, CaixaBank), seguidos de energia (Iberdrola, Repsol, Endesa), tecnologia-telecomunicações (Telefónica, Cellnex, Amadeus), bens de consumo (Inditex) e indústria-construção (Ferrovial, ACS).
Rendimento histórico do IBEX 35: perspetiva de longo prazo
O IBEX tem um histórico volátil, com anos explosivos (2022: +22,76%) e correções agudas (2019: -15,45%). Este padrão reflete sensibilidade a ciclos económicos globais e a decisões de política monetária.
Volatilidade: característica do IBEX
O IBEX 35 é naturalmente mais volátil que outros índices europeus devido à sua exposição a setores cíclicos (banca, energia). Em 2024, o seu intervalo anual foi de 8.879 a 11.385 pontos, amplitude significativa. Durante crises, cai mais; em bonanças, recupera rapidamente. Isto oferece tanto risco como oportunidades para traders ativos, mas requer disciplina e gestão de risco.
Veredicto: continua a tendência altista ou consolida?
O IBEX 35 construiu um movimento impressionante, baseado em fundamentos sólidos de banca e renováveis, contexto macroeconómico moderadamente favorável, e apetite global por risco. A quebra de 17.000 pontos—historicamente significativa—mostra convicção compradora.
No entanto, a consolidação em 16.850 também sugere que o mercado respeita os máximos históricos. Nas próximas semanas (dezembro-janeiro), o mais provável é um movimento lateral com viés altista, oscilando entre 16.600 e 17.200 enquanto digere ganhos.
Os riscos são claros: recessão global a 45%, compressão de margens bancárias se o BCE cortar agressivamente, e volatilidade geopolítica. Mas as oportunidades em renováveis e digitalização, mais estímulos europeus, fazem com que o IBEX tenha fundamentos para manter relevância a longo prazo.
Para investidores, a mensagem é: não perseguir máximos históricos com alavancagem, mas também não sair do mercado. Consolidar posições, diversificar entre setores defensivos (energia) e cíclicos (banca), e estar atento a níveis técnicos-chave (16.600 suporte, 17.300 resistência). O mercado contínuo continua a oferecer oportunidades para quem souber jogar em faixa.