Um indivíduo com compreensão certamente vive uma vida muito confortável. Então, o que é essa compreensão? Na visão de Zhuangzi, o aspecto-chave da compreensão está na capacidade de uma pessoa de se libertar do modo de pensar de dualidade. Zhuangzi valoriza muito isso, chamando a transcendência da dualidade de “Dao Shu” (o pivô do caminho). Shu é uma extensão que significa núcleo, chave, ou seja, o ponto crítico para compreender o Dao. Curiosamente, Siddhartha também tem a mesma opinião. Ele diz que os mundanos são invertidos, dependentes de dois lados, e são chamados de Tathagata, que se afasta desses dois lados. Isso significa que as pessoas comuns caem na dualidade, mas a sabedoria do Tathagata não está nessa dualidade. Primeiramente, quero esclarecer que o que eu digo sobre Tathagata, sobre compreender o Dao, é apenas uma filosofia prática, sem nenhuma relação com o misticismo religioso ou o misterioso, tudo voltado para a utilidade final. Vamos ver como a dualidade pode tornar nossa vida difícil e desconfortável.



O exemplo mais comum é as pequenas disputas entre cônjuges, disputas insignificantes onde insistimos em estar certos, e o outro errado, achando que deve ser assim, e não de outra maneira. E o resultado? Sempre com raiva, independentemente de quem ganha ou perde na discussão. Muitas pessoas desenvolvem nódulos, cistos, problemas emocionais por causa disso, não é? São conflitos acumulados ao longo dos anos. Então, como superar essa dualidade? A maior parte do ensinamento é que “saber que é uma ilusão” e “não fazer concessões”, ou seja, reconhecer que ela é falsa, e assim, naturalmente, podemos saltar fora. É perceber que fomos enganados por esse modo de pensar dualista, e isso causa esses transtornos na vida. Quando temos essa compreensão repentina, podemos transcender a dualidade sem precisar de métodos adicionais.

Podemos transcender a dualidade porque ela não é uma essência das coisas. Ela é apenas um preconceito que temos contra as coisas, não uma realidade verdadeira. Se fosse real, não poderíamos transcendê-la. Vamos analisar isso de forma mais concreta: quando há brigas de casal, na maioria das vezes, a disputa por quem está certo ou errado é apenas uma tentativa de proteger o próprio ego miserável. Avaliamos o outro com base no que “deveria” ser, o que não só tortura o outro, mas também a nós mesmos, uma violência interna. Usamos o “deveria” para julgar as falhas do outro, mas não conseguimos ver a verdadeira situação difícil do outro. Assim, não há tolerância, não há amor. Permitir que o outro tenha oscilações emocionais, que ele não siga nossas expectativas, que tudo aconteça naturalmente — assim, nada de errado acontece.

Claro, essa visão também é apenas um ponto de vista, na verdade, é uma abordagem múltipla para entender os problemas, ao mesmo tempo que reconhecemos que tudo que vemos é apenas um ponto de vista. Quando rompemos essa visão estreita, essa dualidade limitada, não há mais um “eu” que cometa erros ou que seja inadequado, nem um “eu” feio. Posso perdoar a mim mesmo. E ao mesmo tempo, sei que os outros também são assim, posso perdoar os outros. Assim, não há mais conflitos internos. Não precisamos daquele autoengano chato de gritar slogans como “sou ótimo”, “sou bom”, “sou excelente”, “sou confiante”. Isso é uma autoilusão, porque confiança e insegurança continuam sendo uma dualidade.

Zhuangzi disse que “uma é a verdade, a outra é a mentira”, e vice-versa. Essa falsa confiança é facilmente destruída. Vamos dar um exemplo bem simples: ao olhar para uma flor, a avaliação de bom ou mau, bonito ou feio, rico ou pobre, não pertence à flor em si, mas é uma projeção da mente humana. Podemos abandonar esses dualismos e pontos de vista específicos ao observar essa flor, e assim, seguindo esse caminho, podemos descobrir a verdade. A verdade é que “uma é tudo, tudo é uma”. E essa liberdade e espontaneidade não é nada mais do que aproveitar a vida, desfrutar dela. Ter compreensão é usar essa sabedoria para aproveitar a vida.
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