A chama da IA está a arder intensamente, e o dinheiro entra como se não houvesse amanhã. Mas Arvind Krishna, o grande responsável da IBM, fez recentemente as contas e a conclusão é um pouco dura — os centros de dados de IA a nível global já consumiram quase 8 biliões de dólares e, com o ritmo atual, basicamente esqueçam lá recuperar o investimento.

Como é que ele chegou a este número? Construir um centro de dados de IA de 1 GW custa, no mínimo, 80 mil milhões de dólares. Aqueles gigantes tecnológicos que anunciam projetos de 20 a 30 GW, cada um vai ter de desembolsar pelo menos 1,5 biliões de dólares. E o setor todo junto? Cerca de 100 GW de necessidade de computação, o que equivale a 8 biliões de dólares investidos.

As palavras do Krishna são ainda mais diretas: «Acho que vocês nunca vão recuperar o dinheiro.»

Porquê? Para que 8 biliões de dólares deem lucro, seria preciso gerar 800 mil milhões de dólares de lucro por ano. O problema é: que modelo de negócio de empresa de IA atualmente consegue sequer chegar perto desse número? Para piorar, as GPUs têm de ser substituídas a cada cinco anos, e o custo de depreciação parece um poço sem fundo.

Ele apontou ainda outro fator crucial — tentar criar AGI (inteligência artificial geral) com os modelos linguísticos atuais tem, segundo ele, apenas 1% de probabilidade de sucesso. Isto significa que a maior parte do investimento pode nem chegar a fazer ondas, quanto mais dar retorno.

Atrás da euforia do capital, esta conta está bem clara. O setor da IA está de facto animado, mas uma coisa é a agitação, outra é conseguir recuperar o dinheiro investido.