Fonte: PortaldoBitcoin
Título Original: Setor cripto brasileiro celebra avanço regulatório de 2025, mas teme novos impostos
Link Original:
Líderes de exchanges de criptomoedas compartilharam na Conferência de Blockchain do Brasil a avaliação das novas regras regulatórias que o mercado receberá até o final de 2025.
De acordo com João Canhada, fundador da Foxbit, a razão pela qual a maioria das estruturas de regulamentação atuais adota a forma existente deve-se ao esforço silencioso das empresas e entidades do setor. Ele apontou que a primeira versão da regulamentação era muito mais rígida.
“Estamos a trabalhar nos bastidores para garantir que a regulamentação não seja demasiado pesada,” disse ele, lembrando às pessoas como as decisões nos últimos meses impediram cenários “mais restritivos” para as bolsas e os utilizadores, como a possível proibição da auto-custódia de criptomoedas.
“O maior erro é não ter Bitcoin. O segundo maior erro é não ter autocustódia. Se você não tiver autocustódia, você não é o proprietário, mas sim um refém,” ele afirmou.
Os membros do grupo incluem também Rodrigo Marinho, da Free Market Institute, Thiago Sarandy de uma exchange de topo, Bel Longhi da Ripple e Júlia Rosin de uma plataforma de conformidade.
Para Bel Longhi, diretora de regulamentação e políticas públicas da Ripple, 2025 representa uma virada global para o mercado de ativos digitais. Ela afirmou que o ano será “totalmente decisivo” devido a novas regulamentações em vários países, como o Genius Act dos EUA e o MiCA da Europa.
“Essas medidas trouxeram clareza e permitiram que grandes instituições entrassem no mercado. Vimos a Swift, JPMorgan, BlackRock e outros participantes tradicionais começarem a usar blockchain,” ela enfatizou.
Bel afirmou que é correto que os bancos centrais adotem um modelo de neutralidade tecnológica para pagamentos internacionais, permitindo que as transações em blockchain sejam tratadas da mesma forma que as operações de câmbio convencionais. “O Brasil está a fazer um ótimo trabalho. Isso é muito semelhante à abordagem da Suíça.”
Thiago Sarandy, responsável legal e regulatório de uma das principais exchanges, detalhou as duas principais vitórias que a indústria obteve neste ciclo regulatório: o projeto de lei que poderia gerar novos impostos não prossegue e a remoção do livro de ordens global da regulamentação de câmbio.
Pontos de atenção da supervisão
O diretor da Ripple emitiu um importante aviso sobre o impacto da nova tributação regulatória: “A questão não é pagar impostos. A questão é que cada etapa da cadeia de pagamentos transfronteiriços deve pagar 3,5% de imposto. Isso é enorme e preocupante.”
Bel também afirmou que a forma como o banco central irá integrar a compra e venda de stablecoins na estrutura do mercado de câmbio pode levar os usuários a ativos mais voláteis. “Esta medida pode eventualmente encorajar outros ativos mais arriscados, não tenho certeza se esse é o objetivo.”
Apesar das preocupações, ela fez uma avaliação positiva da atitude aberta do banco central, apontando que as autoridades “estão dispostas a aprender juntas”.
A diretora de políticas públicas de uma plataforma de conformidade, Júlia Rosin, revelou que a empresa está a fortalecer o diálogo com o Ministério das Finanças, especialmente sobre questões fiscais, e está a tentar agendar uma reunião com o ministro das Finanças, Fernando Haddad, para apresentar dados detalhados do setor. “O setor não se opõe à tributação. Só queremos estabelecer um sistema que permita a sobrevivência do mercado.”
Este executivo apontou outro gargalo regulatório: a inconsistência entre os órgãos reguladores. “Os bancos centrais, os departamentos de impostos e as comissões de valores mobiliários são autónomos. Procuramos uniformidade, mas isso não é realidade. Criar uma norma que não se comunica com outra não é útil.”
Ela citou a incompatibilidade global relacionada à Travel Rule, que levou o Brasil a exigir leis de outros países, mesmo quando não exige que empresas locais coletem dados. “Se a exchange de outro país não consegue armazenar os dados, ela não os entregará a você. Este é um problema global. Precisamos elevar essa discussão a um nível internacional.”
Um executivo de uma exchange de destaque enfatizou que a indústria precisa evitar a criação de um imposto sobre transações semelhante ao CPMF que foi abolido. Ele explicou que, na Índia, qualquer transação está sujeita a uma taxa de 1%, o que levou os usuários a abandonarem plataformas locais. “Um imposto mal projetado pode prejudicar todo o mercado, afastar os usuários e sufocar a tecnologia. Este é o principal risco.”
Ele também criticou o fato de alguns produtos (como a negociação de margem) estarem restritos no país. Para ele, isso reflete a tentativa de integrar o setor de criptomoedas na lógica bancária tradicional. “Os reguladores precisam entender que o setor de criptomoedas não é como qualquer outro setor. A comunidade é forte e a tecnologia facilmente não segue a centralização. A regulação excessiva pode impedir a visibilidade que os bancos centrais desejam ter sobre as transações.”
O fundador da Foxbit também defendeu as exchanges nacionais, afirmando que elas querem oferecer produtos como derivativos e crédito, mas atualmente “os padrões regulatórios são muito altos e não suficientemente flexíveis”.
Para ele, o desafio é regulatório, não técnico: “No DeFi, posso obter crédito em segundos. No Brasil, preciso de contratos e assinaturas de várias pessoas. Isso não é eficiente.”
Perspectivas Futuras
Bel Longhi comentou sobre o projeto de lei do vice-presidente Lucas Ramos relacionado à regulamentação de stablecoins. Segundo ela, considerando que a Receita Federal indicou que mais de 70% do uso de criptomoedas no Brasil é de stablecoins, este é um assunto urgente.
Esta executiva explicou que o texto protege os consumidores e dá segurança aos emissores, exigindo reservas auditáveis. Mas ela apontou um ponto ausente: “O projeto não pode garantir a intercambialidade internacional das stablecoins. Elas precisam circular livremente entre os países.”
Ela também apontou que o projeto de lei precisa estar em conformidade com a Resolução nº 520 do banco central, que já definiu suas próprias regras sobre reservas. “Essa resolução é um pouco exagerada, mas esses são todos pontos com os quais podemos colaborar com o banco central.”
No último momento, Bel resumiu a sensação geral: “As conquistas deste ano superam os problemas.”
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A indústria de Ativos de criptografia do Brasil celebra os avanços regulatórios de 2025, mas se preocupa com a nova política fiscal.
Fonte: PortaldoBitcoin Título Original: Setor cripto brasileiro celebra avanço regulatório de 2025, mas teme novos impostos Link Original: Líderes de exchanges de criptomoedas compartilharam na Conferência de Blockchain do Brasil a avaliação das novas regras regulatórias que o mercado receberá até o final de 2025.
De acordo com João Canhada, fundador da Foxbit, a razão pela qual a maioria das estruturas de regulamentação atuais adota a forma existente deve-se ao esforço silencioso das empresas e entidades do setor. Ele apontou que a primeira versão da regulamentação era muito mais rígida.
“Estamos a trabalhar nos bastidores para garantir que a regulamentação não seja demasiado pesada,” disse ele, lembrando às pessoas como as decisões nos últimos meses impediram cenários “mais restritivos” para as bolsas e os utilizadores, como a possível proibição da auto-custódia de criptomoedas.
“O maior erro é não ter Bitcoin. O segundo maior erro é não ter autocustódia. Se você não tiver autocustódia, você não é o proprietário, mas sim um refém,” ele afirmou.
Os membros do grupo incluem também Rodrigo Marinho, da Free Market Institute, Thiago Sarandy de uma exchange de topo, Bel Longhi da Ripple e Júlia Rosin de uma plataforma de conformidade.
Para Bel Longhi, diretora de regulamentação e políticas públicas da Ripple, 2025 representa uma virada global para o mercado de ativos digitais. Ela afirmou que o ano será “totalmente decisivo” devido a novas regulamentações em vários países, como o Genius Act dos EUA e o MiCA da Europa.
“Essas medidas trouxeram clareza e permitiram que grandes instituições entrassem no mercado. Vimos a Swift, JPMorgan, BlackRock e outros participantes tradicionais começarem a usar blockchain,” ela enfatizou.
Bel afirmou que é correto que os bancos centrais adotem um modelo de neutralidade tecnológica para pagamentos internacionais, permitindo que as transações em blockchain sejam tratadas da mesma forma que as operações de câmbio convencionais. “O Brasil está a fazer um ótimo trabalho. Isso é muito semelhante à abordagem da Suíça.”
Thiago Sarandy, responsável legal e regulatório de uma das principais exchanges, detalhou as duas principais vitórias que a indústria obteve neste ciclo regulatório: o projeto de lei que poderia gerar novos impostos não prossegue e a remoção do livro de ordens global da regulamentação de câmbio.
Pontos de atenção da supervisão
O diretor da Ripple emitiu um importante aviso sobre o impacto da nova tributação regulatória: “A questão não é pagar impostos. A questão é que cada etapa da cadeia de pagamentos transfronteiriços deve pagar 3,5% de imposto. Isso é enorme e preocupante.”
Bel também afirmou que a forma como o banco central irá integrar a compra e venda de stablecoins na estrutura do mercado de câmbio pode levar os usuários a ativos mais voláteis. “Esta medida pode eventualmente encorajar outros ativos mais arriscados, não tenho certeza se esse é o objetivo.”
Apesar das preocupações, ela fez uma avaliação positiva da atitude aberta do banco central, apontando que as autoridades “estão dispostas a aprender juntas”.
A diretora de políticas públicas de uma plataforma de conformidade, Júlia Rosin, revelou que a empresa está a fortalecer o diálogo com o Ministério das Finanças, especialmente sobre questões fiscais, e está a tentar agendar uma reunião com o ministro das Finanças, Fernando Haddad, para apresentar dados detalhados do setor. “O setor não se opõe à tributação. Só queremos estabelecer um sistema que permita a sobrevivência do mercado.”
Este executivo apontou outro gargalo regulatório: a inconsistência entre os órgãos reguladores. “Os bancos centrais, os departamentos de impostos e as comissões de valores mobiliários são autónomos. Procuramos uniformidade, mas isso não é realidade. Criar uma norma que não se comunica com outra não é útil.”
Ela citou a incompatibilidade global relacionada à Travel Rule, que levou o Brasil a exigir leis de outros países, mesmo quando não exige que empresas locais coletem dados. “Se a exchange de outro país não consegue armazenar os dados, ela não os entregará a você. Este é um problema global. Precisamos elevar essa discussão a um nível internacional.”
Um executivo de uma exchange de destaque enfatizou que a indústria precisa evitar a criação de um imposto sobre transações semelhante ao CPMF que foi abolido. Ele explicou que, na Índia, qualquer transação está sujeita a uma taxa de 1%, o que levou os usuários a abandonarem plataformas locais. “Um imposto mal projetado pode prejudicar todo o mercado, afastar os usuários e sufocar a tecnologia. Este é o principal risco.”
Ele também criticou o fato de alguns produtos (como a negociação de margem) estarem restritos no país. Para ele, isso reflete a tentativa de integrar o setor de criptomoedas na lógica bancária tradicional. “Os reguladores precisam entender que o setor de criptomoedas não é como qualquer outro setor. A comunidade é forte e a tecnologia facilmente não segue a centralização. A regulação excessiva pode impedir a visibilidade que os bancos centrais desejam ter sobre as transações.”
O fundador da Foxbit também defendeu as exchanges nacionais, afirmando que elas querem oferecer produtos como derivativos e crédito, mas atualmente “os padrões regulatórios são muito altos e não suficientemente flexíveis”.
Para ele, o desafio é regulatório, não técnico: “No DeFi, posso obter crédito em segundos. No Brasil, preciso de contratos e assinaturas de várias pessoas. Isso não é eficiente.”
Perspectivas Futuras
Bel Longhi comentou sobre o projeto de lei do vice-presidente Lucas Ramos relacionado à regulamentação de stablecoins. Segundo ela, considerando que a Receita Federal indicou que mais de 70% do uso de criptomoedas no Brasil é de stablecoins, este é um assunto urgente.
Esta executiva explicou que o texto protege os consumidores e dá segurança aos emissores, exigindo reservas auditáveis. Mas ela apontou um ponto ausente: “O projeto não pode garantir a intercambialidade internacional das stablecoins. Elas precisam circular livremente entre os países.”
Ela também apontou que o projeto de lei precisa estar em conformidade com a Resolução nº 520 do banco central, que já definiu suas próprias regras sobre reservas. “Essa resolução é um pouco exagerada, mas esses são todos pontos com os quais podemos colaborar com o banco central.”
No último momento, Bel resumiu a sensação geral: “As conquistas deste ano superam os problemas.”